A recente aprovação do Fundo Garantidor do Aporte da Ponte (FGAP) pela Assembléia Legislativa da Bahia (ALBA) concluiu mais um importante passo para a construção da Ponte Salvador-Itaparica. Na atual conjuntura de crise econômica, profundamente agravada pela pandemia da COVID-19, a construção do equipamento será uma importante política contracíclica que impactará positivamente a cadeia da construção civil e gerará mais de sete mil empregos, contribuindo para mitigar os efeitos da crise na economia baiana.
Sob a perspectiva do desenvolvimento urbano, a ponte trará um novo fôlego para os 15 municípios do Recôncavo e do Baixo Sul que fazem parte de sua Área de Impacto Urbano Direto (AID), visto que o aumento da macroacessibilidade dos municípios da AID com a RMS facilitará a atração de novos empreendimentos de logística, indústria, comércio e serviços.
Evidentemente, as potenciais externalidades positivas da ponte não deixarão de trazer transformações demográficas e ressaltar deficiências das infraestruturas técnicas e sociais que vão requerer a atenção especial do governo do Estado e, especialmente, das Prefeituras dos municípios da AID.
O saneamento, por exemplo, é um dos setores da infraestrutura técnica que apresenta maior precariedade. De acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), apenas quatro municípios da AID – Castro Alves, Cruz das Almas, Maragogipe e Santo Antônio de Jesus – contam com rede de esgotamento sanitário para coleta e tratamento de efluentes, enquanto os outros 11 municípios, além de não contar com esse tipo de rede, também não possuem rede de abastecimento de água abarcando a totalidade de seus territórios, dados que indicam a importância e a urgência de investir em projetos nesse setor.
As transformações demográficas – dentre as quais se destaca a previsão de que a população de Itaparica e Vera Cruz se expanda, em 10 anos após a construção da ponte, dos atuais 66 mil para 300 mil habitantes – trarão um aumento de demanda que tornará necessário construir pelo menos 58.500 novas unidades habitacionais e realizar investimentos para ampliar e qualificar infraestruturas sociais de saúde, educação, assistência social e lazer dos municípios da AID, o que indica a importância de suas prefeituras atentarem para a necessidade de atualizar seus planos, sem deixá-los alheios ao dimensionamento dessas infraestruturas essenciais ao bem estar de seu habitantes.
Um novo ciclo de desenvolvimento urbano se inicia no Estado da Bahia.